quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

ALEMANHA - REGIÃO DO HUNSRÜCK


--------------------Paisagem típica do Hunsrück (foto acima) e no vale, ao centro, Lütz.
A REGIÃO DO HUNSRÜCK
O Hunsrück é uma região que se localiza no centro da Alemanha, limitada geograficamente por quatro rios: Mosela, Nahe, Reno e Saar. Juntos, esses rios formam um território quadrado (Viereck), ainda intocado, de matas e campinas em meio a uma bela paisagem semi-montanhosa. Lindos e tranquilos cumes apontam acima de vales estreitos e escarpas íngremes, ocultando pequenas cidades e pacatos povoados, habitados por alegres cultivadores de vinho. É hoje uma região turística, com balneários, hotéis, locais de recuperação da saúde e atrações de lazer.
O Hunsrück é o antigo reino do legendário Schinderhannes, uma espécie de chefe de bandidos, cujo território se tornou apropriado para passeios, esportes e vida ao ar livre.
Inúmeros são os monumentos históricos, avistados tanto nas cidades como no interior. Prédios antigos e castelos fantásticos completam o rico cenário, hoje facilmente acessível pelas ótimas rodovias que cortam todo o território, composto de oito municípios de dois Estados da Alemanha atual.
Enfim, essa lindíssima região é menos populosa do que outras áreas daquele país. É pontilhada, sim, de pequenos lugarejos, habitada por gente simples com ares de interior e que vive da agricultura e do turismo.
Ainda é interessante observar como a língua alemã, o "Plattdeutsch", como muitos dos descendentes dos primeiros imigrantes ainda falam até hoje no Brasil, é a mesma língua popular que encontramos entre os falantes de lá, naturalmente com algumas diferenças poucas, devido aos espaços e tempos diversos que nos separam.
SOBRE A LÍNGUA DOS IMIGRANTES ALEMÃES NO BRASIL
Na Alemanha (país que começou a existir somente em 1871, formado pela união de diversos Estados menores que, por sua vez, eram oriundos dos antigos reinos, principados, ducados, etc., cada um pertencente a uma tribo ou união de tribos germânicas, desde a mais remota antiguidade), falam-se vários dialetos germânicos. Cada uma das antigas tribos originais tinha o seu dialeto próprio, e pode-se dizer que isso se mantém até hoje, notando-se que muitos alemães são bilíngues, falando em casa o dialeto da sua vizinhança ou região, mais o dialeto adotado como oficial, o Hochdeutsch (este "Hoch" não tem a ver com "alto" de qualidade ou classe alta e, sim, alto das regiões mais altas do sul da Alemanha, donde se originou), que há muito tempo tem gramática padronizada (de uns tempos para cá, outros dialetos locais, devido a esforços de idealistas, também passaram a ter escrita mais ou menos padronizada, mas não são usados em documentos oficiais) e é usado nos estudos, na vida profissional, nos documentos, na imprensa. 
Para o Brasil, predominou a vinda de emigrantes do Hunsrück ("Huns" significa "dos Hunos", o povo mongol, chefiado por Átila, que invadiu a Europa na antiguidade, fixando-se no Hunsrück - ou Hunspuckel - um pequeno contingente), mais para o sul do Rio Reno, que falavam e ainda falam informalmente o "hunsriker dáitsch" (o ü é "i", o ö é "é", o ói é "ái", entre outras variações na pronúncia, na gramática e no vocabulário), do Norte, mais perto do Mar do Norte e da Pomerânia, a nordeste, junto ao Mar Báltico, incluindo territórios antes dentro do que hoje é Polônia. Nesses territórios do norte, falava-se (e ainda se fala) o plattdütsch ("platt" significando as planícies do norte, sem conotações qualitativas e sim geográficas). Portanto, pode-se dizer que "plattdáitsch" é um erro que se criou no Brasil, já que "platt" se refere ao Norte e "dáitsch" ao Sul. Devido à distância geográfica e outros fatores, o "dütsch" e o "d/táitsch" são praticamente ininteligíveis mutuamente. Exemplos: "Eu vou para casa." Hochdeutsch: "Ich gehe nach Hause". Plattdütsch: "Ik go héim". Em Hunsriker: "Ich geh/n Hém". (Extraído do Grupo Descendentes de Alemães BR Lincoln Höltz 2021)
Vista do rio Reno, região central da Alemanha, importante via fluvial para o transporte de cargas e turismo. O rio Reno é famoso e símbolo da Alemanha, cantado em prosa e verso, muito disputado no passado, motivo de muitas guerras. Grande parte das encostas é tomada pela plantação de parreiras, cujas uvas produzem um vinho fino, como o famoso Riesling.

O penhasco da foto acima chama-se Loreley. É uma curva abrupta do rio Reno. A história conta que, no passado, lá no alto sentava-se uma moça muito linda. Então os marinheiros que passavam lá embaixo pelo rio se distraíam, olhando para a senhorita lá do alto, que penteava seus cabelos loiros e longos, de modo que, por falta de atenção dos marinheiros, o navio acabava afundando. Lenda também cantada em prosa e verso.
COMO SE VESTIAM OS NOSSOS ANTEPASSADOS

Difícil de saber exatamente sobre a roupa diária das pessoas do interior, mas, ao redor do ano de 1800, no Hunsrück, as moças usavam aventais e peitorais brancos e pequenas toucas. As senhoras, em dia de festa, vestiam aventais e chales pretos e uma touca especial. Os homens ostentavam um grande chapéu engomado, que também servia de protetor contra a neblina e pedia medir até 60 centímetros. No passeio ou na dança, os rapazes trajavam um boné de pele de marta ou de tourão, o qual vinha revestido com fios dourados ou prateados. As cores ou outros detalhes variavam de acordo com cada localidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário