---------------------Lütz, localidade de onde saiu Mathias Hartmann, em 1846 (foto de 1980).
LÜTZ - O PITORESCO BERÇO DAS NOSSAS ORIGENS
Lütz é um pequeno povoado, localizado na região do Hunsrück, no vale chamado Lützbachtal, de onde, por motivos de pobreza e necessidade premente de sobrevivência, emigraram os nossos ancestrais da família Hartmann, em 1846.
Está encravado num pequeno vale, circundado de pinheirais, próximo ao rio Mosela, entre as cidades de Koblenz e Trier. O riacho Lützbach corta o povoado e desemboca logo depois naquele rio maior, defronte à localidade de Müden. Quem vem de longe pela estrada, descendo o morro, avista a linda igrejinha e as poucas casas, dispostas desordenadamente como outrora, mas muito bem conservadas para a permanente atração dos turistas. Uma rodovia asfaltada acompanha o mesmo ribeirão, cheio de pequenos peixes, cortando o vale, rodeado de colinas rochosas e de florestas - uma pequena Suíça (Lützer Schweiz). Antigamente Lütz era um centro de mineração de pedra ardósia, muito utilizada na construção de casas, inclusive os telhados.
Lütz já foi bem movimentado em outros anos do século XX, frequentado por pessoas que vinham de toda parte para as casas de hidromassagem, piscinas, hotéis e ambientes esportivos.
Hoje (2015) a vila é apenas um lugar de turismo interiorano, onde as pessoas vão respirar ar puro, fazer trilhas no mato, aproveitar algumas formas de lazer, oferecidas pelos hotéis do lugar, inclusive com encontros de motoqueiros e ciclistas. Entretanto, o movimento do passado não existe mais e a localidade é bastante calma.
Então, ali morou Mathias Hartmann com sua família, antes de virem para o Brasil.
Lütz, do alto do morro (foto de 2015)
Lütz, rua principal, Moseltrasse (foto de 2015)
Igreja católica de Lütz (a única, foto de 2015)
Foto mais antiga da casa que teria sido de Mathias Hartmann, em Lütz.
A mesma casa (a branca) continua lá, em Lütz, como sendo a casa onde Mathias Hartmann morou (sic), antes de vir ao Brasil, em 1846. (Foto de 2015. À frente, os turistas são dois parentes, descendentes de Wilma Hartmann e Fredolino Ames).
Pelos documentos encontrados, Mathias Hartmann era agricultor, como também os seus filhos, mais tarde diaristas. Emigraram em 1846. Um deles, o filho Mathias, era tanoeiro. Este veio ao Brasil somente mais tarde. Consta também que eles moraram em dois endereços, ou seja, Hauptstrasse ou Dorfstrasse, nº 4 e/ou nº 12.
Atualmente a referida rua, provavelmente a única da localidade na época de 1846, chama-se Moseltrasse.
Foto de Lütz (de 2021). Distrito de Cochem-Zell. Município de Treis-Karden. Estado da Renânia-Palatinado. Próximo ao Rio Mosela. Região conhecida como Hunsrück.
Foto acima - teria sido a casa onde primeiramente morou Mathias Hartmann no Brasil
BREVE CONTEXTO HISTÓRICO DA IMIGRAÇÃO ALEMÃ NO BRASIL
Para substituir a força escrava do negro, desenvolver a agricultura e garantir a ocupação do território, o reinado brasileiro recrutou imigrantes alemães, a partir de 1824. No Rio Grande do Sul, ao aportarem, foram mandados para o vale do rio dos Sinos, região agreste, na época, donde se encaminharam para as matas que foram derrubadas para a lavoura, fazendo surgir pequenos povoados, divididos em propriedades.
A imigração começou, na verdade, com a regência do Príncipe Dom João, mais tarde Dom João VI. Em 1822, Dom Pedro I prosseguiu no recrutamento através do major Jorge Antônio von Schäffer. Com a abertura dos portos e a lei de 25.11.1808, era permitida a concessão de terras aos estrangeiros. Os interessados recebiam 50 hectares de terra com vacas, bois e cavalos, ajuda financeira por dois anos, isenção de impostos pelos primeiros dez anos, liberação do serviço militar, nacionalidade imediata e liberdade de culto. O colono deveria ser católico e tinha direito a um lote de terra, animais, sementes e víveres, além de um auxílio financeiro de 160 réis por dia, no primeiro ano, e metade dessa importância no segundo ano.
Nessa primeira fase, de 1808 a 1850, houve um grande volume de imigração. Saliente-se, todavia, que em 1850 aconteceu uma parada por suspensão desses auxílios, também por causa das lutas internas, sobretudo a Guerra dos Farrapos, justamente na área para onde a maioria das levas imigratórias estavam se encaminhando. No entanto, em 1846, recomeça o fluxo imigratório. Foi nesse ano que chegou a família de nosso ancestral Mathias Hartmann.
Até 1830, cinco mil imigrantes alemães tinham chegado ao Rio Grande do Sul. Entre eles também vieram muitos elementos desordeiros, ladrões e bandidos, em minoria, é claro, expurgados do seu país de origem. Muitos desses últimos foram despachados para a zona das Missões, e outros integraram o exército imperial na Guerra Cisplatina. Em 1825, o Rio Grande do Sul tinha uma população estimada em 150 mil habitantes. As guerras e revoluções prejudicaram o desenvolvimento econômico do Estado: a Revolução Farroupilha (1835-1845), a Guerra do Paraguai (1865), a Revolução Federalista (1893), a Revolução de 1923 e a Revolução de 1930.
Depois de São Leopoldo, por intermédio do governo da província e de particulares, fundaram-se as colônias de Mundo Novo-Taquara (1847), Padre Eterno, Sapiranga e Picada Verão (1850), no vale do rio dos Sinos. No vale do rio Caí surgiram Bom Princípio (1846), Caí (1848), Montenegro (1857) e Nova Petrópolis (1858). Na bacia do Jacuí foram fundadas: Estrela (1853), Lajeado (1853), Teutônia (1868), Monte Alverne, em Santa Cruz (1849), Santo Ângelo-Agudo, perto de Cachoeira (1855). Mais tarde, as colônias alemãs se espalharam por outros recantos do Rio Grande do Sul, como: Ijuí (1890), Sobradinho (1901), Cerro Azul (hoje Cerro Largo, em 1902), Erechim (1908) e outros mais.
No final do século 19, a emigração europeia para o Brasil já perdia a sua força. Internamente, os imigrantes europeus buscavam novas oportunidades de terras mais baratas. Além disso, as famílias já eram grandes e os filhos necessitavam de novos espaços para se estabelecerem na agricultura. Foi assim que surgiu, entre outras, a Colônia Serro Azul (hoje Cerro Largo, na Região das Missões, noroeste do Rio Grande do Sul), sob o comando do padre jesuíta Maximiliano von Lassberg. Essa pequena localidade foi o berço de muitas vocações sacerdotais e religiosas, além do florescimento de belas comunidades, também chamadas de Linhas.